domingo, 27 de abril de 2014

SER TEBAS

Estava lendo o Almanaque Brasil e gostei muito de um relato do historiador Affonso A. de Freitas em Reminiscências Paulistanas, de 1921, que vou transcrever neste artigo.

Durante a construção da antiga Catedral da Sé, meados do século 18, um escravo chamou atenção do padre Justino, capelão do Convento do Carmo. Todo dia o encontrava diante das obras. Perguntou o que fazia ali. Respondeu que não entendia por que não tinha torre.

O padre explicou que não havia arquiteto nem construtor capaz de erguê-la. Tebas, escravo da fazenda Tapanhoém, hoje bairro do Paraíso, disse que seria capaz. Queria carta de alforria e que o primeiro casamento fosse o dele. Justino aceitou.

A Catedral ficou pronta em 1755, com a torre. Conforme prometido, Tebas conquistou a liberdade e foi o primeiro a casar. Construiu também a torre do Recolhimento de Santa Teresa e o primeiro abastecimento público regular: o chafariz do Largo da Misericórdia, próximo à Praça da Sé.

Deu origem a expressão: “ser tebas”. Na Paulicéia, é ser “empreendedor”, hábil, capaz de tudo fazer com acerto e perfeição”.

Empreendedor procure ser “tebas”, livre-se das amarras que o prende, procure fazer o que os outros dizem não ser possível, adquira conhecimento e se diferencie dos demais.

O empreendedor não fica lamentando junto com a maioria, ele nada contra a maré, não segue os demais, se faz seguir, é exemplo.

Vorneis de Lucia
Presidente do Instituto Pro Humanitas


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