Estava lendo o Almanaque Brasil e
gostei muito de um relato do historiador Affonso A. de Freitas em
Reminiscências Paulistanas, de 1921, que vou transcrever neste artigo.
Durante a construção da antiga Catedral
da Sé, meados do século 18, um escravo chamou atenção do padre Justino, capelão
do Convento do Carmo. Todo dia o encontrava diante das obras. Perguntou o que
fazia ali. Respondeu que não entendia por que não tinha torre.
O padre explicou que não havia
arquiteto nem construtor capaz de erguê-la. Tebas, escravo da fazenda
Tapanhoém, hoje bairro do Paraíso, disse que seria capaz. Queria carta de
alforria e que o primeiro casamento fosse o dele. Justino aceitou.
A Catedral ficou pronta em 1755, com a
torre. Conforme prometido, Tebas conquistou a liberdade e foi o primeiro a
casar. Construiu também a torre do Recolhimento de Santa Teresa e o primeiro
abastecimento público regular: o chafariz do Largo da Misericórdia, próximo à
Praça da Sé.
Deu origem a expressão: “ser tebas”. Na
Paulicéia, é ser “empreendedor”, hábil, capaz de tudo fazer com acerto e
perfeição”.
Empreendedor procure ser “tebas”,
livre-se das amarras que o prende, procure fazer o que os outros dizem não ser
possível, adquira conhecimento e se diferencie dos demais.
O empreendedor não fica lamentando
junto com a maioria, ele nada contra a maré, não segue os demais, se faz
seguir, é exemplo.
Vorneis de Lucia
Presidente do Instituto Pro Humanitas
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