Vou fazer a você duas perguntas
bastante delicadas: “Você se considera uma pessoa ética?”, “Seus colaboradores
são éticos?”
Este tipo de pergunta é bastante
instigante, e nos leva a pensar que o fato de nunca termos roubado ou enganado
alguém, isto nos torna bastante éticos. Outro ponto que nos leva a pensar que
somos éticos está nas regras que costumamos seguir e que denominamos como
padrões éticos a serem seguidos.
Quando contratamos alguém, a primeira
coisa que definimos são os padrões de comportamento que o novo integrante da
equipe deve seguir para se manter ético diante dos colegas e dos clientes.
Começamos com as frases: “Aqui não pode
isso.”, “Aqui não é permitido aquilo”. E vamos desenvolvendo uma série de “não
pode” e “o que pode”, como se quiséssemos nos assegurar que o novo integrante
não venha a cometer erros que firam os valores éticos da empresa.
Será que esta lista formal ou informal
de regras a serem seguidas, efetivamente define um comportamento ético?
Cometemos o erro de julgar o comportamento das pessoas por suas conseqüências.
Olhamos o que o outro faz e pelo que faz medimos o seu valor ético. Aqui está o
grande erro de julgamento.
Vamos colocar um exemplo para ilustrar
melhor a essência de um comportamento ético: Quando ajudo alguém, a
conseqüência deste meu ato é bom, pois alguém foi ajudado, entretanto, a intenção
que me levou a ajudar esta pessoa é o que define o meu comportamento, se é
ético ou não ético. Se ajudo por interesse, exemplo de um político que dá uma
cesta básica para comprar um voto, isto é claramente uma ação não ética, apesar
da ação ser boa, a intenção é má.
Se a pessoa não se corrompeu por falta
de oportunidade ou por medo da lei, esta pessoa não é ética, apesar de não ter
feito nada de errado ainda, pois o que conta é a intenção, esta pessoa
tem a intenção de cometer um ato errado, o que lhe falta é a
oportunidade.
Mas a intenção não basta. Se decido
roubar para pagar a faculdade do meu filho, estou movido por uma boa intenção,
mas o ato de roubar não é ético, portanto, para julgar um comportamento
ético ou não ético, temos que levar em consideração o ato e a intenção,
e para medir o agravamento, temos que levar em consideração a circunstância.
Você não quer ter problemas com os seus
colaboradores, então não crie regras, contribua para que eles adquiram
virtudes, e ganhem valores morais, e desta forma agirão em de acordo com uma
consciência bem formada.
Vorneis de Lucia
Presidente do Instituto Pro Humanitas
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